Oi gente, tudo bom? Hoje vim pra postar um texto da Liliane Prata, colunista de uma revista que gosto de ler de vez em quando! Estava eu lendo essa coluna, e achei interessante pra postar aqui pra quem quiser ler :] Lembrando que o texto não é de minha autoria, só vou postar!
"Será que agente não custuma subestimar o aprendizado alheio?
Outro dia, reencontrei meus amigos do colégio. Papo vem, papo vai, começamos a nos lembrar de casos sobre nossa colega C. Nossa, a C. era terrível. Ela tratava todo mundo bem, mas, quando a gente menos esperava, lá estava ela fazendo essas coisas de filme, tipo falar pro cara mais feio da escola que você é afim dele. Ela fazia tudo com a maior cara de inocente, tipo "Ops! Eu disse isso? Que cabeça a minha", deixando todos confusos. Enfim. Começamos a nos perguntar por onde anda a C. e, quando vimos, estávamos fazendo comentários fofos, como "ela deve estar trabalhando como serial killer". Mas, a determinada altura da noite, percebemos uma coisa. Esses casos terríveis sobre a C. não aconteceram semana passada. Aconteceram há uns 15 ANOS. Ai, como me senti velha agora! Mas ok, sem crises de meia-idade. A questão é: quem disse que a C. não mudou de lá pra cá?
Você já deve ter percebido que tem uma incrível capacidade de mudar. De ideia, de estilo de roupa, de opinião, de tudo. Todas as pessoas mudam o tempo todo - a não ser quem tenha uma vida bem entediante! Nossas experiências, leituras e conversas vão alterando nosso jeito de ser, de ver, de pensar.
Mas se, por um lado, reconhecemos nossas mudanças e até nos orgulhamos de algumas delas, por outro percebo que temos uma tendência a achar que os outros continuam os mesmos. Puxa, em 15 anos, é claro que a C. pode ter mudado seu jeito de ser. Ela pode ter feito terapia, ela pode até ter se mudado para o Tibete, onde passa os dias meditando: faz tanto tempo que não tenho notícias dela! É no mínimo pretensioso pensar que ela é estática, enquanto eu e meus amigos estamos aqui, superdinâmicos, tentando nos aperfeiçoar e tal - não sei você, mas eu tenho pavor de pensar em viver sem me aperfeiçoar. Verdade que considero o passar dos meus anos não uma linha contínua para o alto e avante, mas uma curva cheia de avanços e retrocessos - mas, de qualquer forma, luto para ser uma velhinha sábia!
Voltando: acho que a gente também tem a péssima mania de achar que desenvolvemos talentos ao longo do tempo enquanto os outros não melhoram. É meio injusto achar que aquela garota que hoje é atriz deve atuar mal porque atuava mal na escola, ou que o fulano que, sei lá, não sabia trabalhar em equipe da última vez que o vimos continua sem saber. Não é só a gente que aprende, vai.
Fico pensando: se achamos que as pessoas não mudam, como dar uma nova chance a elas? Se eu encontrar a C. na rua dia desses, preciso mesmo olhar para ela pensando na psicopata que ela foi quando tinha 15 anos? Claro, ela pode, digamos, ter aprendido a desenhar, mas não ter mudado muito no quesito confiabilidade e, sei lá, tentar roubar meu marido. Mas fico achando que é muito melhor dar uma chance de ver quem é a C. de agora e parar, inclusive, de olhar para ela pensando em palavras como "psicopata". As pessoas nos surpreendem o tempo todo, e acho maravilhoso nos abrirmos para as mudanças delas. Claro, não preciso deixar meu marido perto dela enquanto faço essa experiência, mas você entendeu."
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